segunda-feira, agosto 29, 2005

Quanto estou só reconheço


Quando estou só reconheço
Se por momentos me esqueço
Que existo entre outros que são
Como eu sós, salvo que estão
Alheados desde o começo.
E se sinto quanto estou
Verdadeiramente só,
Sinto-me livre mas triste.
Vou livre para onde vou,
Mas onde vou nada existe.
Creio contudo que a vida
Devidamente entendida
É toda assim, toda assim.
Por isso passo por mim
Como por cousa esquecida.

Fernando Pessoa

1 comentário:

Madalena Duarte disse...

Este poema é lindissimo. Quantas vezes a solidão nos faz sentir livres, mas uma leveza triste que dispensávamos rapidamente... se fosse possível